segunda-feira, 26 de julho de 2010

Ler devia ser proibido - www.twitter.com/lerdvsproibido siga!!!

A Literatura Infantil e a Matemática



A prefeitura municipal de Santos desenvolveu um trabalho em 2004 cujo o objetivo era trazer a literatura para as aulas de matemática partindo do pressuposto de que a literatura, seja poesia, histórias, fábulas ou contos, é facilmente acessível e proporciona contextos que trazem múltiplas possibilidades de exploração que vão desde a formulação de questões por parte dos alunos, até desenvolvimento de múltiplas estratégias de resolução das questões colocadas pelos professores através da leitura.


Para iniciar o trabalho, é importante, em primeiro lugar, que o professor goste de ler e tenha em mãos os livros com os quais queira trabalhar para que possa conhecer a história, visualizar as gravuras, que, muitas vezes, sugerem a exploração de um ou mais temas, e também para que possa elaborar atividades que sejam adequadas à classe com a qual está trabalhando.

Em segundo lugar, é fundamental que os alunos conheçam a história e se interessem por ela. Para isso, o professor pode recorrer inicialmente aos mesmos recursos que utiliza ao trabalhar as histórias nas aulas de língua materna e é até interessante que faça assim para que as atividades surjam naturalmente como uma extensão do que os alunos estão acostumados a fazer com textos infantis.

O professor deve também ficar atento sobre problematizações relativas a alguma página ou figura do livro que possa fazer ao longo da própria leitura. Desta forma, inicia-se a exploração matemática pelo que o próprio texto sugere e, durante os primeiros contatos dos alunos coma obra, o professor seleciona os aspectos matemáticos que deseja enfatizar para atender aos seus objetivos.

Neste caso, eles utilizaram o livro Meus Porquinhos, indicado para pré-escola até a primeira série/2º ano.

O livro conta à história de 10 porquinhos. Eles aparecem na história de dois em dois, numa correspondência com os dedos das mãos.

Conta também o modo de ser desses porquinhos que fazem muitas travessuras e, ao dormir, dão beijinhos.

Este livro permite abordar noções de contagem, correspondência um a um, adição, multiplicação, subtração e divisão, além de habilidades de previsão, checagem, percepção, localização espacial, representação gráfica e discriminação visual.

Sugeriram ainda como o professor da rede municipal de Santos deveria usar para trabalhar a leitura da seguinte forma: fazer uma leitura do livro ou utilizar retroprojetor ou mesmo cartazes. Após este primeiro contato com o livro, o professor pode, num outro momento, fazer uma nova leitura questionando as crianças:

 Quantos porquinhos vão aparecer agora?

 Quais serão os próximos porquinhos a aparecer?

 A bailarina aparece na mão direita ou esquerda?

 Em quais dedos das mãos estão os porquinhos miudinhos?

 Qual a diferença entre essas duas páginas?

 Quantos porquinhos aparecem na página 4?

Referências
PLANEJAMENTO Pedagógico. Prefeitura Municipal de Santos, Estância Balneária, Secretaria de Educação/ Departamento pedagógico-matemática-equipe disciplinar/ensino fundamental/educação de jovens e adultos/ ciclo i e ii-Santos 2004.
WOOD Audrey e WOOD Don. Meus Porquinhos São Paulo: Ed. Àtica, 1991.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Que tal utilizar o CONTO como ferramenta de apoio à alfabetização?



O gosto pela leitura pode ser cultivado desde a alfabetização. Michel Dabene, pesquisador francês na área da leitura, sugere mostrar ás crianças que saber ler é “fazer acordar as histórias” que dormem nos livros. Atividades de leitura bem selecionadas mostram aos alunos que eles se alfabetizam para aprender, para divertir-se, e para fins práticos, como ler um cartaz, um aviso. Essa sensibilização deve ser acompanhada de atividades de leitura livre, não guiada. As diferentes hipóteses de leitura (memorização de texto, adivinhação do que pode estar escrito, invenção de história a partir da gravura) podem ser feitas desde muito cedo. A criança vai se enganar, compreender mal, não importa, diz o autor. O importante é o que ela faz para entender bem (apud CARVALHO, 2005, p.67 e p.68).

O conto já foi um dos métodos globais de ensino, começando a ser aplicado nos Estados Unidos da América do Norte no fim do século XIX. (CARVALHO, 2005). Consistia em iniciar o ensino da leitura a partir de pequenas histórias, adaptadas ou criadas pelos professores. O pressuposto era explorar o grande prazer da criança em ouvir histórias para introduzi-la ao conhecimento da base alfabética da língua e ao gosto pela leitura.


O processo envolvia análise das partes maiores (o texto, as frases) para chegar às partes menores (palavras, sílabas), por isso o método global era também chamado analítico. (CARVALHO, 2005).

Segundo Maciel, (2000), a Professora Lúcia Casasanta, que ensinava metodologia da linguagem na Escola de Aperfeiçoamento de Professores de Minas Gerais foi a grande divulgadora do método global de contos “como mais adequado para a aprendizagem inicial da leitura para crianças e durante cinco décadas (de 1920 a 1970) formou várias gerações de alfabetizadoras”. (apud CARVALHO, 2005, p.33).

terça-feira, 13 de julho de 2010

As sutis diferenças:






         Segundo Magda Soares, “no Brasil, os conceitos de alfabetização e letramento se mesclam, se superpõem e frequentemente se confundem”. Isto não é bom, pois os processos de alfabetizar e letrar, embora interligados, são específicos, afirma a autora. Alfabetizar é ensinar o código alfabético, letrar é familiarizar o aprendiz com os diversos usos sociais da leitura e escrita.

         A diferença está na extensão e na qualidade do domínio da leitura e escrita. Uma pessoa alfabetizada conhece o código alfabético, domina as relações grafofônicas, em outras palavras, sabe que sons as letras representam, é capaz de ler palavras e textos simples, mas não necessariamente é usuário da leitura e da escrita na vida social. Pessoas alfabetizadas podem, eventualmente, ter pouca ou nenhuma familiaridade com a escrita dos jornais, livros, revistas, documentos, e muitos outros tipos de textos; podem também encontrar dificuldades para se expressarem por escrito. Letrado, no sentido em que estamos usando esse termo, é alguém que se apropriou suficientemente da escrita e da leitura a ponto de usá-las com desenvoltura, com propriedade, para dar conta de suas atribuições sociais e profissionais. (apud CARVALHO, 2005, p. 65, p.66 ).
Quem foi que disse que eu escrevo para as elites?


Quem foi que disse que eu escrevo para o bas-fond?

Eu escrevo para a Maria do Todo Dia.

Eu escrevo para o João Cara de Pão.

Para você, que está com este Jornal na mão...

E de súbito descobre que a única novidade é a poesia.

O resto não passa de crônica policial-social-política.

E os jornais sempre proclamam que a “situação é crítica”!

Mas eu escrevo é para o João e a Maria

Que quase sempre estão em situação crítica!

E por isso as minhas palavras são quotidianas como o pão

nosso de cada dia

E a minha poesia é natural e simples como a água bebida

na concha da mão.



Mário Quintana